As Janeiras ou cantar as Janeiras é uma tradição em Portugal que consiste na reunião de grupos que se passeiam pelas ruas no início do ano, cantando de porta em porta e desejando às pessoas um feliz ano novo.
Ocorrem em Janeiro, o primeiro mês do ano. Este mês era o mês do deus Jano, o deus das portas e da entrada. Era o porteiro dos Céus e por isso muito importante para os romanos que esperavam a sua protecção. Era-lhe pedido que afastasse das casas os espiritos maus, sendo especialmente invocado no mês de Janeiro.
Era tradição que os romanos se saudassem em sua honra no começar de um novo ano e daí derivam as Janeiras.
A tradição geral e mais acentuada, é que grupos de amigos ou vizinhos se juntem, com ou sem instrumentos (no caso de os haver são mais comuns os folclóricos: pandeireta, bombo, flauta, viola, etc.). Depois do grupo feito, e de distribuidas as letras e os instrumentos, vão cantar de porta em porta pela vizinhança.
Terminada a canção numa casa, espera-se que os donos tragam as janeiras (castanhas, nozes, maçãs, chouriço, morcela, etc. Por comodidade, é hoje costume dar-se chocolates e dinheiro, embora não seja essa a tradição).
No fim da caminhada, o grupo reúne-se e divide o resultado, ou então, comem todos juntos aquilo que receberam.
As músicas utilizadas, são por norma já conhecidas, embora a letra seja diferente em cada terra.
In Wikypedia
Alguns companheiros do nosso Clube tiveram o privilégio de ouvir cantar as "Janeiras", constatando que a tradição está a reviver nas cidades e também em Montijo.
O Nosso Companheiro Joaquim Caeiro presenteou-nos com esta prosa que demonstra bem como observou e viveu aqueles momentos:
Manhã de Café com Janeiras à Mistura
Apesar de ser Domingo e da manhã estar fria, o Café habitual encontrava-se cheio e como é normal parecia um “galinheiro” de “galinhas malucas” onde o silêncio era letra morta!
Por sorte, lá se encontravam alguns amigos e o lugar a uma mesa foi garantido.
Lá me acomodei com os habituais cariocas. Porquê cariocas? A mesma água preta, psicologicamente menos agressiva para o organismo!
Enquanto os companheiros falavam, abri o eterno livro e procurei esquecer o barulho ensurdecedor, através da sua leitura, não sem antes ter espraiado o olhar pelos presentes…sempre as mesmas caras…sempre os mesmos temas: futebol e touradas e um pouco caricatamente um digno doutor da nossa praça, muito encapuçado, lembrava um sério candidato à subida dos Himalaias.
Alguns minutos passados, entrou, porta dentro, um grupo de senhoras com acompanhamento à viola, pandeireta e cavaquinhos, a cantar-nos as Janeiras. De forma alguma foi para nós uma surpresa, uma vez que Janeiro é o mês dos Reis e como tal de uma velha tradição, só nossa no mundo – o canto das Janeiras
Perguntar-me-ão o que são as Janeiras? Qual a sua finalidade, o seu porquê?
São grupos, que, seguindo uma tradição portuguesa, se reúnem e cantam de porta em porta, desejando um Feliz Ano Novo aos moradores, que geralmente lhes franqueiam a entrada, onde lhes servem bebida e comida ou lhes oferecem castanhas, nozes, chouriços e outras iguarias, por vezes até dinheiro…iguaria que, na época actual, se torna necessária e bem vinda!
No fim da jornada, estes grupos dividem o resultado das oferendas entre si ou juntam-se em amena e frutuosa farra.
As Janeiras ocorrem em Janeiro, o primeiro mês do Ano, que, como se sabe, era o mês do deus Jano, o deus das portas e da entrada.
Na mitologia romana este deus era considerado o porteiro dos Céus, daí a sua importância entre os Romanos, que esperavam a sua protecção para afastar das suas casas os espíritos funestos.
No começo de um novo Ano, em honra de Jano, a saudação também era tradição entre os Romanos.
Parece, portanto, que as Janeiras têm a sua origem nestes cultos pagãos, que o Cristianismo não conseguiu apagar e que se transmitiram de geração em geração.
Em Portugal, as Janeiras andam associadas ao Dia de Reis, data, que para os católicos marca a veneração dos Reis Magos, encerrando-se assim os festejos natalícios, desarmando-se os presépios e substituindo-se as filhós, as azevias e os nógados pelo enfeitado Bolo-Rei de frutas cristalizadas, de pinhões e da terrível fava, que obriga o azarento que a trincar, a pagar o “dito cujo” no ano seguinte.
As Janeiras que nos surpreenderam no Café, segundo as quadras cantadas, pertenciam à Paróquia, não tendo esquecido um saquinho preto, onde, em vez de bolos, recebiam alegremente as moedinhas solicitadas.
Tiveram uma boa ideia, pois não só acalmaram o “pseudo galinheiro” como nos fizeram, por momentos, esquecer uma chuva pertinente e um frio siberiano.
Não tendo segunda intenção
Aqui termino o meu “arrazoado”
Feliz Ano Novo, Amigo Leão
Guarda para outro o teu “trocado”
Obrigada Companheiro Joaquim Caeiro
CL Teresa Leite